Mãe, não importa o meio,

Interessa, sim, o propósito.

Realmente, aqui nada é feio,

Pois escrevo algo póstumo.

 

Através desta poética carta

Chega a ti meu pensar contrito...

Desde que partiste sou atrito

Dum viver sem rumo, sem vida casta.

 

Perdi-me nas entranhas da loucura,

Estou na existência sem sabor.

Por quê? Porque já desconheço o amor

Que se foi e que era minha partitura.

 

Sei que me escutas agora onde estás,

Por isso peço-te aqui o teu perdão!

Envia ao meu pensamento uma oração

Para que doce eu seja como o ananás.

 

Partiste! Dentre tantos estou sozinho...

Perambulo e tropeço, estou caindo sempre.

Tua jornada deixou-me sem teu ventre

Donde eu havia enxurradas de carinho.

 

Estou enfermo... Será também o meu fim?

Bem que gostaria de ir encontrar-te!

Meu coração já não pulsa forte e destarte

Teria o prêmio que consumar-me-ia a mim...

 

Amar-te-ei infinitamente. Lê o meu sofrer.

Sem ti tão somente sou iníquo desatino...

Que a morte benfazeja seja o meu destino

Para que eternamente possa contigo conviver!

 

 

DE IVAN DE OLIVEIRA MELO

Ivan de Oliveira Melo
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