Considero-me o maior brasileiro de todos os tempos, creio que represento a arte moderna, pois posso colocar figuras no quadro da vida, com dois grandes espíritos que alimentam as sociedades mundiais, a moral e a educação. Porém, em meio aos sonhos, tenho que voltar à vida real, entristecido com a miséria, com as roupas baratas e ganhadas e com a pobreza que vivemos. Até as flores lá de casa parecem murchas e sem perfume.
Os brinquedos de meus sonhos variavam conforme os meses, dias e noites. Para o dia, eu e meu irmão, que é portador de necessidade especial, brincávamos nos nossos sonhos com bolinhas de gude, pião, arco, avião, papagaio, diabolô, bilboquê, ioiô, botão, malha e futebol. E à noite, pique, barra-manteiga, pulando carniça e outros.
Ô vida! Eu só quero pintar o meu Brasil, meu país!
Distinguindo a cor e raça do meu povo. Não posso deixar de alimentar as saudades dos tempos da minha infância e das pequenas vinte casas brancas de um andar dos meus sonhos. Na minha infância eu não tive brinquedos comprados, fabricados e sim feitos como papagaios, piões, diabolô… Mas o retrato dos meus sonhos, que foi desenhado pelo tempo, será exposto no Brasil e na Europa, sendo homenageado pelo museu de artes como um grande dançarino, artista, cantor, carajá cangaceiro e morto de tanto lutar para ser alguém.