A natureza é hora alegre a mais não poder,
Depois torna-se sensual e convida ao prazer.
Às vezes é triste, mas de uma tristeza bela,
O tipo de tristeza que a gente sente
Quando toca a orla de uma beleza inefável.
Ou, então, ela nos transforma em místicos contemplativos,
Sentados sobre a erva como folhas caídas,
Sendo acariciados pelo mais leve roçar da aragem
Na dança de huris das folhagens.
Cada novo dia a natureza veste sua mais bela roupa,
Veste de chuva ou sol, cada qual melhor costurada.
Deus disse que o encontraríamos na natureza,
Que ela é obra e testemunho perene de suas mãos.
Cada crepúsculo é insuperável como obra de arte
Que ele compõe utilizando nuvens e céu e sol e vento.
Meditando nessas coisas, e sem querer dar o braço a torcer,
Certos sujeitos que chamam a si mesmos de “cientistas”
Inventaram uma tal Hipótese Gaya. Bah!
Como se a própria terra fosse um deus ou deusa,
Ou como se a ideia fosse nova, não tivessem já os gregos
Pensado nisso há tanto tempo.
É bom ficar aqui sentado, enquanto posso,
Redescobrindo a mim mesmo como parte desta natureza mutável.
Foi para este fim que Deus me criou.
Amar a natureza e comungar com ela
Não tem nada a ver com flauta de Pã,
Epicurismo ou sei lá mais o quê!
Sócrates diria que a natureza sendo bela
E possuindo-a alguém, por estar em comunhão com ela
De nada mais teria necessidade,
Pois o Bom e o Belo, que afinal são a mesma coisa,
Não podem desejar o que não lhes falta.
No entanto, não é possível negar
A beleza suprema da natureza,
Nem é solução dizer
Que ela é intermediária entre o Belo e o Feio.
Ela é bela simplesmente, em si mesma,
Como cada coisa bela é uma beleza em separado.
E a luz nunca se sacia de luz.
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