A pequena sabiá, que presenteava a todos, com seu longo e melodioso canto feliz, percebeu que outro canto pairava no ar, em distância ameaçadora. 
Um estranho colorido invadia o céu daqueles dias, o azul aos poucos desaparecia, e nuvens encobriam o sol, mas não eram nuvens comuns. A folhagem estava sendo invadida por cores vibrantes, alegres e estonteantes. Havia outra, desconfortante, presença. Ali, em meio àquelas folhagens, já não sentia segurança, e os dias que lhe inspiravam, já não lhe ofereciam o mesmo encanto. E seu canto, aos poucos, silenciou, sua plumagem colorida parda, desbotou. 
Os habitantes orfanizados, acreditavam que ali, ela não estaria mais, e não se deram conta da sua dor, estranha dor, aquela que antecede a invasão do seu ninho. 
O que, talvez, ninguém possa lhe dizer, é que sua altivez, seu fosco colorido, sua vibrante energia, e seu longo e melodioso canto, sejam valorizados e compreendidos pelos habitantes locais e seu silencio, sentido e sofrido.

Para a livre interpretação do público.

Marabá-Pará.