Depois de uma ameaça de suicídio, ela chega, muito agitada, fala muito, pede que a deixem em paz, pois tem que sair para procurar o marido... Fala que a impedem de vê-lo, "...sumiram com ele, sumiram com ele...", insiste.
Em seu franco manifesto sobre o que pensa e sente, em um dado momento, argumenta: "Nós, juntos (unindo as mãos em forma de asas), formamos um anjo, em que cada um, tem um lado da asa e agora estamos feridos, machucados, separados, perdi minha outra asa, como fica isso agora?"
Com calma, sustento suas mãos, e olhando-a compreensiva, fito seus olhos tristes e desamparados, e digo: " Agora, se você preferir poderá escolher viver um momento de transformação; nesse espaço vazio, você verá despontar a sua outra asa, vai rasgar, vai doer... Se você permitir que ela cresça, é possível que você se sinta mais firme, mais forte, mais leve; se você se permitir, talvez possa alçar o primeiro voo e vivenciar, quem sabe, um de seus maiores momentos de prazer e felicidade..."
Recorte poético da dor.
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