Um amigo me perguntou como dou conta de tantas atividades: cuidar da casa, ministrar aulas, fazer sabão, escrever, cuidar dos filhos e do Sampaio... Tento não ser muito séria e não me cobrar muito. Respondi também, que algumas coisas ficam pela metade. Vez por outra, um filho dorme sem tomar banho e o outro vai com as meias diferentes para a escola.
Não me lembro de alguém que tenha morrido por falta de banho. Não tomou ontem, toma hoje, ainda dá tempo! O caso das meias trocadas, fui obrigada a dar um jeito na questão, pois os meninos já estavam sendo zoados na escola: arrumei um saco grande, transparente e com zíper, reuni a família e decretei com voz grossa, imitando uma autoridade:
- Moradores desta casa... Atenção! Atenção! A partir de hoje resolvo:
Art. 1º - Todas as meias da casa serão colocadas neste saco e só sairão depois de casadas. O casamento se dará com os membros da mesma família. Ou seja, meia preta com meia preta, meia branca com meia branca, meia vermelha com meia vermelha...
Cada qual buscando o par compatível.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.
Registre-se. Publique-se. Cumpra-se.
As crianças divertiram-se com o pronunciamento e de boa vontade, procuraram as meias perdidas nos armários, gavetas, cestos de roupas sujas, só par terem o prazer de realizarem os casamentos.
Problema resolvido! Agora todas as meias vão parar no saco transparente.
Aqui para nós, seria tão bom se os problemas da humanidade fossem resolvidos de forma criativa e transparente, como casar meias perdidas, separadas e extraviadas, transformando cada ser humano em Juiz de paz no processo civilizatório.
Selma Nardacci
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