Deuses embriagados não conseguem afirmar,
Incompetentes, nem sabem do seu lugar.
O descontrolo e euforia provocam medo
Para o frágil humano que vive o enredo.
 
Da noite anterior Dionísio deambula alegre,
Segura um barril de vinho que não vergue.
Atravessa-lhe Hermes, dá-lhe um encontrão.
Sobre o Olimpo, derrama o consolo à multidão
 
Por engano, Atlas carrega um mero calhau
Como um cão inocente que recebe um pau.
E Sisífio rola o Mundo com despreocupação
Salta e tropeça na colina, termina em colisão.
 
Boom! Inicia-se o trovejar do delírio de Zeus.
Este, novato na borga que acumula pneus.
Saturada, Hera, segue o mesmo caminho
Dispara a romã ao chão e entrega-se ao vinho.
 
A chama de Héstia perdia todo o sacramento,
Onde passava, cidades reduziam-se a cinzento.
Afundado nos mares de uva, Poseídon se perdeu,
Por capricho da gargalhada, o tsunami rompeu!
 
Fortes rajadas de tinto comprometem a seara,
Os campos de trigo de Deméter que indicara
Um ponto de partida para o mundo mortal,
Onde o álcool de trigo remete para o juízo final.
 
Criatura do amor havia perdido todo o encanto
Relatava histórias eróticas ás virgens, entretanto.
Tornou-se infiel e adepta dos prazeres carnais
Namorou Hefesto, Ares e muitos mais!
 
Oh! Do saturado oceano de fluidos Divinos
Surgiram numerosos biliões de cretinos.
Oh! Vivemos o resultado da última profecia
Embora, ainda não saibamos o que nos guia.

 
Somos a tremenda desgraça existencial.
Somos resto de mito, lenda, carne Universal!
Somos preenchimento deste estado colossal
Onde os Deuses conseguiram fazer tudo mal!

David Calado
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