A poesia espera
a flor nascer no jardim,
o beija- flor voltear
a rosa vestindo carmim,
num beijo doce selar
o amor que não tem fim.
A poesia espera
o beijo frio da estrela,
o último pôr do sol,
a próxima lua cheia,
o eclipse total,
a aurora boreal,
e toda a beleza celeste…
A poesia espera
a distância encurtar,
o encontro acontecer,
a aproximação vincular
almas que se buscam
se amam, se ofuscam,
andarilhas na multidão
sem ter onde ancorar.
A poesia espera
o momento lento,
o silêncio bento
de palavras caladas
e incalculáveis significados,
instantes eternizados,
sentimentos tantos,santos,
raridades, verdades…
A poesia espera
o rio transbordar, enfim,
e alagar toda tristeza
curando desastrosa crueza
a afluir num mar sem fim…
A poesia espera
o arrojo do arrependimento,
a delicadeza do perdão,
o ápice do arrebatamento
enquanto o poeta dá vazão
a um turbilhão de sentimentos.
Carmen Lúcia
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