ALMAS EM DESALINHO

 

O corpo humano é água

E, quando se mergulha no íntimo,

Corre-se o risco de afogamento…

Pular para a vida

É não permitir naufragar-se,

Então que se navegue com a consciência

De proteger-se os sentimentos,

Pois os guardando no coração

Certamente estarão seguros

Mesmo que as vagas estejam altas

E na areia haja venenos…

 

Que se encontre no amor

O antídoto para todos os venenos,

Ou pelo menos uma ressonância

Em que tudo se transforma em carícias

Para que as almas ao se encontrarem

Possam saciar os mais ímpetos desejos…

Desejos que alimentam os sonhos

E dão à vida uma aparência de realidade…

Mesmo distantes são os sonhos que se aproximam

E tecem caricaturas daquilo que se almeja ser…

 

A presença dissipa as dúvidas,

Apaixona-se ou renega-se,

Embora renegando

O quintal íntimo necessita de limpeza…

O encantamento pode desencantar-se

E fazer ruírem sonhos,

Contudo úmidos pela água do corpo

Possam transcender-se

E completarem-se num oceano de esperanças!

 

Assim é o âmago que edifica

E desbarata as razões da existência!

Perpetuam-se mistérios a serem desvendados,

Ou afogam-se as fantasias

Que lubrificam as vontades

Perpetuando os medos de novas descobertas

Ainda que tais descobertas sejam nada mais

Que os velhos devaneios

Que se acham subnutridos,

Escondidos no infinito da alma

E de forma auspiciosa sedentos

De uma nova oportunidade de sobrevivência!

 

 

 

 

DUETO de Socorro Caldas / Ivan de Oliveira Melo

Ivan de Oliveira Melo
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