Meu bem amado, 
Vou brincar de estátua;
Fazer repouso, ficar de resguardo,
Mas o que não me agrada


É fazer jejum de teu olhar,
É ficar de figa com teu riso largo,
É fazer dieta de teu beijo demorado;
De teu colo sedoso, ficar alijado,
E da sonoridade de tua fala.


Isso tudo me causa inanição
E me deixa deveras raquítico
Como quem vive à água e pão.


Dá dó: o coração em suplício,
Que, de meus olhos se vão
O esplendor e a luz e o brilho.


Nada disso a mim me é salutar;
O jejuar de tua candura
Me dá calafrios e tontura.


É um sacrifício milenar,
Na tua ausência, anoitecer.
E o alvorejar dos dias sem teu viver.