Sabes, amor
Às vezes dá-me um desejo
que os rios corressem ao contrário
como se o mundo estivesse virado do avesso;
Que os teus braços desapertassem a minha solidão
e os dias da tua ausência fossem como nos dias de natal
onde tudo é fictício
e os desejos correm no sentido do engano.
 
Às vezes…
dá-me um desejo de que a sombra se aperte no sol,
os poemas que te escrevo fossem ouvidos pelos pássaros
onde cada canto voa no sentido do amor
cada ausência no sentido do encontro.
 
Às vezes, meu amor
dá-me um desejo de que eu… não fosse eu
e tu… não fosses tu
e que tu e eu fossemos um só tempo
sem tempo para ausência e solidão
emergindo da escuridão num só corpo
onde sol e sombra
se abraçam num desejo de primavera.
 
Às vezes, meu amor
dá-me um desejo que o mundo cresça às direitas:
Que tu e eu vivêssemos de mãos dadas,
os rios corressem no sentido do mar,
o natal pusesse fim à solidão,
a ausência, ao fim da procura
e qdo tivéssemos mão na mão,
ouvíssemos o canto do pássaro
e voássemos no sentido do amor
para que o nosso poema se tornasse imortal
 
Às vezes, meu amor
dou comigo a pensar: será este,
um desejo louco
ou apenas... natural?

santos silva
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