RASGAR O TEMPO
É neste rasgar de mim,
como o vento rasga o tempo,
como a rasgar-me por dentro, e
de rajada em rajada,
num vai e volta a mim torna,
e me toma e me leva,
me traz, de mim rajada faz,
que noutro bate,
que como cão late, a seu modo,
mas, latimos num todo;
num vento molhado,
que com nossa água faz lodo,
deixo-me de me rasgar e fico lama,
empapado, pelo vento não levado!
Quem o culpado?
Eu? O vento? A água? O lodo?
Fico num dó!
esperando tempo seco,
esperando pó, a ser soprado.
Por agora,
o vento do tempo é molhado!
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Silvino Taveira Machado Figueiredo
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