Ferrari de Fogo
- Itarnizinho! Vem ouvir uma história da Bíblia.
- Ah não! Eu quero uma história inventada de sua cabeça e que tenha carro.
Tive que pensar rápido.
- Essa que eu vou contar é da Bíblia e tem carro.
- Naquela época não existia carro.
- Existia sim, filho. Era um carro diferente, mais veloz que uma Ferrari. O motorista usava uma habilitação especial que até hoje só ele conseguiu obter.
- Então conta.
- Existia um profeta chamado Elias, que não ligava para nada nessa vida, a não ser agradar a Deus, aí...
Bastou falar o nome de Elias para a Camila Sofia gritar lá da sala:
- Itarnizinho! Não é carro nada! É carruagem!
- Ah! Então não serve.
- Carruagem e carro é a mesma coisa. Os dois não têm roda?
- Tá. Só vou escutar durante a propaganda da televisão.
Tive de ser objetiva, resumir a história no pequeno espaço entre a propaganda e a novela.
Elias era um profeta. Profeta é o representante de Deus na Terra, o que anuncia ao povo a vontade de Deus. E na época que Elias era profeta existia uma rainha má e desobediente. Seu nome era Jezabel, considerada uma das piores personagens femininas da Bílbia. Ela fazia tudo quanto é tipo de maldade. Israel era um povo monoteísta...
- O que é isso?
- O povo adorava somente a um Deus. Mas Jezabel, que não era obediente, resolveu introduzir um culto diferente no arraial.
Acabou a propaganda e ele voltou a ver a novela. Continuei na cama na esperança de terminar a história no próximo intervalo. Minutos se passaram e ele voltou.
- Continua, mãe. Você parou no culto diferente.
- Bom... Jezabel praticamente obrigou ao povo a adorar um deus chamado Baal, e para mostrar sua força, contratou 400 homens como profetas.
- Ué, mas profeta não é Deus quem escolhe?
- Mas Jezabel fazia tudo do jeito dela. Foi então que Elias apareceu e ficou muito triste com toda a situação. Para acabar com essa história, convidou os 400 profetas para irem ao monte Carmelo para uma disputa.
- Elias ia disputar o quê?
- Na verdade era um desafio pára descobrir qual era o Deus verdadeiro?
- Como iriam fazer isso?
- Naquela época era comum Deus falar através de sinais. Elias propôs que eles oferecessem uma oferta ao deus deles e Elias faria o mesmo. A oferta que viesse fogo do céu, seria considerada a oferta ao verdadeiro Deus.
Nesse ínterim, a propaganda acabou, mas ele continuou a ouvir a história.
- Após a arrumação dos altares, Elias deu a oportunidade para que os profetas clamassem a Baal. Eram os 400 profetas de um lado e apenas Elias do outro. Eles clamaram, clamaram, da manhã até à noite, mas o deus deles não respondeu. Elias deu a sugestão que eles gritassem mias alto, porque Baal poderia estar dormindo... Eles gritaram, gritara, se cortaram, rolaram fizeram e aconteceram, mas Baal não respondeu.
_ Nossa mãe! Estou imaginando 400 homens gritando de uma única vez! Quando eu grito aqui a senhora reclama! Imagina 400 homens.
- É verdade! Eu não agüento gritaria não! Aí, então, chegou a vez de Elias, que nem precisou gritar, porque Deus não é surdo. Ele disse:
- Deus, responde a minha oração e manda fogo do céu, para que todos saibam que tu és o Deus verdadeiro e único. Foi então que o fogo desceu, consumiu a oferta e até as pedras que estavam no altar.
- E o que aconteceu com a rainha má e os 400 profetas?
- Essa parte eu conto outro dia.
- Legal! Mas aonde está o caro da história?
- Depois disso, Deus mandou um carro de fogo e Elias foi para o céu festejar os acontecimentos.
- Ele morreu?
- Não! Deus o poupou da morte terrena, pulou essa parte. Elias está lá no céu, passeando com Deus numa Ferrari de Fogo.
( História contada para o Itarny com 9 anos de idade.)
Por Selma Nardacci
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