Os teólogos estão sempre explicando que Deus não tem corpo, e que
embora os homens sejam criados à sua imagem e semelhança, Ele é
espírito, e espírito, não subtende carne e osso.
Todos os textos, que fazem referência às partes do corpo de Deus são
para facilitar a compreensão humana. A frase: “A mão de Deus esteja
sobre nós”, é uma figura de linguagem, um tipo especial de metáfora,
conhecida como catacrese, que é o emprego impróprio de uma expressão,
pela falta de outra. Quando se fala, que alguém “montou a cavalo
no cabo da vassoura”, é porque não tem como explicar esse episódio de
outro jeito.
Muitos episódios bíblicos passam por esta metáfora e a maior parte
deles está ligada ao corpo de Deus.
No episódio da ressurreição, depois de três dias, Jesus retornou em
um corpo transformado. “Corpo” que atravessava a parede, não era
carne e osso, mas os discípulos O viram, depois de ressurreto, numa
catacrese completa.
Ora, se aquilo não era um corpo, pelo menos era uma forma.
Conclui-se que o Espírito pode assumir formas e pode falar.
O Espírito fala.
Deus tem voz! E voz é energia, pois é ela que comanda tudo.
A palavra pronunciada é energia criadora. Deus fez uso dessa energia
para criar o Universo: - “Haja luz!”
Parecem bobinhas essas conclusões, mas fico feliz, por ter pensado
nelas, e é agora que o texto começa. Então, se Deus fala, e sempre
falou durante todo o tempo, como seria a sua voz? Seria similar a um
trovão, como mostram os filmes bíblicos?
Não teria Deus imprimido sua voz em um ser humano só para brincar conosco?
Acho que sim! Deus emprestou sua voz a Nelson Gonçalves. Uma voz de
barítono, inalcançável, que inebria minha alma de prazer e
contentamento.
Quando Nelson canta, não importa o tema, o meu espírito sai do corpo, os
meus cabelos esvoaçam, como se dois ventos diferentes os dispersassem.
Surgem asas imaginárias, percorro o espaço, transponho paredes, levito
com roupas leves em cores de marfim.
Atinjo o clímax da minha existência.
Espiritualizo, experimento êxtase completo...
E nada material é mais importante do que o infinito.
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