Andando lá pelas bandas do Oceano Atlântico,
ao sol das Américas rendendo um louvor,
caminho à beira de um precipício,
da loucura arte ou ofício
ou questão de amor...
Enfio a filosofia no saco e me abano:
o homem que caminha ao redor do mundo
caminha quase sempre sem planos,
vai porque ir é seja onde for...
Dei de cara com índios serenos tratados à coca,
cantavam Guajira e beijavam santinhos populares;
a arte de amar o impoderável às vezes é troca
entre a loucura sã e suas extensas variáveis...
Nunca pergunte a um homem para onde ele vai
se nem ele sabe dizer qual a data do calendário;
exala incertezas em sua pele corada de cais
que frequentou como se num seminário...
A fonte da riqueza oculta entre pedras absortas
corre sem perguntas e nem vãs questões;
lança seu corpo como se fossem gotas soltas
como chuva entretida em demolições...
Oh corpo miserável das ruinas de Cesares andinos,
por onde anda o murmúrio de revoluções submersas,
dos corpos enlevados em Mercedes Sosas, latinos,
mortos por levantes de homens de almas perversas?
Sigo ao pé da montanha a estranha trilha sem fim dos sonhos,
enrolam-se aos meus pés correntes enferrujadas e amarras de couro cru,
assovio Pequeña Serenata Diurna, aos arroubos da juventude me ponho,
caminho, como sempre fiz, ao Sul, desnudo, feliz, sempre rumo ao Sul...
© Todos os direitos reservados