A solidão, flor que desabrocha no céu lasso de meu ego

Harmonizou-se, enfim, com todo o desalento deste plano.

Não sou mais eu, sou cadáver ambulante, não mais humano:

Apenas fantasma errante relembrando o passado a que me apego.

 

Outrora havia fogo em mim, ao menos, internamente.

Meu sangue pulsava vida, meus olhos eram altivos em paixão

E agressivo eu era no limiar profundo de meu cálido coração.

Não sei o que mudou, mas já não me reconheço em minha mente...

 

Cessei de imaginar, de viver, de procurar por respostas.

(Ó azul de um éter melancólico e que traz devastadora melancolia!).

Quem me dera ainda possuir a curiosidade, a esperança luzidia!

(Onde está o eu vermelho que para a frieza dava as costas?).

 

Fico a remoer os porquês sem qualquer perspectiva de um futuro.

Sinto a vergonha de estar ainda, quando tantos mais dignos já partiram.

Enveneno o meu íntimo com a verdade dos mortos que já sentiram

Toda a angústia de ter vivido em vão e posto suas crenças no escuro!

 

Ó aniquilação! Vem colocar termo em meu imenso tédio!

Pode ser que ainda haja esperança de reacender em mim a chama

Em nome de tudo aquilo que o mundo ainda ama...

Deixai-me dormir na frieza de um azul sem vermelho e sem remédio...