Toquem as trombetas...o amor chegou...
De um jeito violeta, violento, referendado
pelos anjos do céu,
de crepom papel,
todos maquiados...
Havia cá em mim um deserto imenso,
só uma pobre lua no céu a espiar a areia,
a serpente saracoteava ao vento,
nenhum sangue na veia...
Uma fagulha celeste apontou como estrela de Belém;
eu, solitário convicto, a olhei com desdém,
fiz-me de rogado e nem filosofei ou usei a imaginação;
segui meus afazeres, ou seja, nada a fazer,
escrever versos na areia e vê-los desaparecer...
Mas foi como se um ruído intermitente
pousasse em meus ouvidos e não fosse embora,
algo como se num shopping um monte de gente
começasse a rezar para Nossa Senhora...
Alguém me chamava, não sei se em Londres ou Pequim,
dizia meu nome num sussurro ensurdecedor,
dizia que queria a mim,
que eu era seu amor...
Jeito estranho esse,
matemática combinação,
alguém estar com sede
dos meus beijos cor de salmão...
Parti naquele instante,
deixei para trás ser um tuareg;
quando o amor se torna constante
não há alma viva que o negue...
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