Sou atrevida desde sempre
Destemida me jogo na vida e nos livros com a mesma intensidade.
Essas viagens são o que despertam o que há de melhor : a literatura e meus dias.
Aliás eles se confundem, ou entrelaçam ou não sei o quê.
Nem tudo requer uma definição, tampouco eu. Prefiro ocupação.
Faço mil coisas ao mesmo tempo e todas elas no meu limite das horas; fácil presumir o quanto sou acelerada.
Tenho pressa.
Isso não é virtude, é impulso.
Nem defeito; poderia ser circunstancial.
Já sei: é futuro do pretérito mais que perfeito ou não.
Pode ser imperfeito também .
Sou o ontem apressado no emergencial; o meu agora.
Bobagem é rotular-se de qualquer coisa sem a noção mínima do ser, fica vago.
Meu sangue ferve e os hormônios efervescem.
Algumas noites podem ser carnais, outras de uma solidão urgente.
Tanto faz.
Não me arrependo depois e de nada.
Sou proprietária de mim e, para o cotidiano, meu preço pode ser alto.
Ou baixo.
Depende da minha indisposição ao acaso e às paixões.
A liberdade pode custar caro: esse querer intransigente e sem amarras é quase insuportável.
Confesso que a minha não tem preço.
Sou demasiadamente sensível ou forte quando preciso é;
Um poço de contradições a cada necessidade.
O meu labirinto, tão vasto, sou eu.
Lá fora, tão longe, enxergo você.
Em uma quase insignificância tão necessária quanto o que sufoca, transcende e atrai.
O maior desperdício do que me excede, um quase domínio sem amarras.
Um ser qualquer, em uma noite nua e sem definições.
Hoje ou depois de amanhã.
Lá atrás, bem à frente do meu tempo.
A minha ânsia de vida é bem maior que eu.
Alguma forma qualquer,
Terceira pessoa do singular!

Luciana Araujo
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