Não foi o atrevido vento,
Nem as areias cálidas do tempo,
Não foram os finos dedos da chuva,
Nem os braços da névoa turva,
Não... Nada disso!
Foi nada menos que o feitiço,
Os encantamentos da lua,
Os banhos que tomei, nua,
Sob seu véu movediço.
As teias rendadas, orvalhadas,
Das aranhas enluaradas...
Ah a tecelã, a lua e a mulher,
A magia das eras as vem envolver...
A lua é a causa
Da minha inquietude nervosa,
Da minha pele brilhosa,
Minha alma descalça.
Filha da lua cheia,
Meu coração tanto anseia
Por aquilo que ainda
Não rompeu a casca,
O silêncio, a rajada,
Que no nunca se cristaliza...
Por isso ao galope no meu peito
Me rendo, e à lua, e me contorço,
Refreio a febre como posso
Com os fios da poesia que teço.
Lucilla Guedes
© Todos os direitos reservados
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