A tua voz me sussurrava ao ouvido
Como sopros de uma manhã de outono.
Arrepiava-me, e estranhamente me fazia ficar
Inerte de tudo, afastada do mundo,
Em total sensação de abandono.
Via-me ser levada por esses sopros,
Espalhada e misturada às folhas secas
De uma árvore outrora florida.
De folhas tão verdes que chegavam a iluminar
Os olhos mais opacos e sem vida.
 
A tua voz fazia carícias
Nas minhas sensações,
Eu mordia a boca até deixá-la vermelha,
Cerrava os olhos apertando-os nervosamente.
O meu corpo se contorcia
Como galhos agitados em uma ventania.
A tua voz pecorria-me as veias,
Misturava-se ao meu sangue
E desaguava nas batidas aceleradas do meu coração,
Derramando-se em minhas faces como cascata,
Deixando-as púrpuras de tão ardentes.
 
A tua voz deliciosamente ia me desvendando,
Ao passo que me devorava os sentidos.
Tudo o que eu sentia,
O que degustava, tocava e ouvia,
Tudo os que os meus olhos procuravam tatear
Dentro das palpebras cerradas,
Eram as ondas sonoras
Da tua voz áfavel, suave e derretida.
 
A tua voz percorria-me a pele,
Cada poro sentia o magnetísmo,
Arrepiava-se, tremia e ardia.
Era embriagante a estranha sensação
Da tua voz se fundindo em mim,
Me tornando cada vez mais sua,
Me sorvendo como um colibri,
Que sorve pausadamente
O mais doce néctar de uma flor.

*-*Raiza*-*
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