Cansei dos poemas sérios, que não riem de nada,
andam de cabeça baixa a pensar no futuro,
a maioria deles gostam do escuro,
se sentam na calçada,
uns recitam seus versos à maioria que passa,
outros dizem que suas palavras são feitas de argamassa,
não se quebram, não se dobram nem se ajoelham na presença de reis,
certos poemas preferem o concretismo como isso fosse lei,
sem admitir que palavras às vezes fazem trapaças...
Eu, cá de onde estou, já nem sei
se os levo à sério ou se serei
mais um leitor desacorçoado,
a preferir poetas mais alegres,
que cantam odes sem ser chatos...
Por enquanto sigo a ler tais fulanos
apesar de achar que certos cicranos
são mais leais à verdadeira poesia,
aquela que não se mistura com a noite
mesmo que sirvam o dia
na bandeja fria dos verbos transitórios,
mesmo que roam dentes certos poetas
em seus purgatórios...
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