Nunca se inspire em outro poeta.

A ponte do vizinho não presta,

pode te levar a versos submersos,

a outros quintais

de onde poderá não voltar jamais...

 

Outro poeta é outro poeta.

Tem os olhos diferentes,

outro tamanho de testa,

escreve pendendo o braço para o lado direito,

infla e murcha o peito,

falta-lhe ou sobra-lhe um dente,

rabisca e apaga,

fuma, traga,

bebe demais,

o outro poeta pode nem ser capaz

de rir de sua piada,

pode nem saber cavar com enxada,

deixe o outro poeta para lá,

pergunte-se sobre seus versos,

esqueça o poeta anexo,

lide com sua escrita como se um campo de morangos fosse,

trate de não errar a receita como se fizesse um doce,

o outro poeta está, neste momento,

escrevendo no vento a poesia que voa,

escreva a sua como se dizendo que em tua poesia

a voz do infinito ecoa...

 

Prieto Moreno
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