Ao longe, de mares distantes, já posso ir a ver
És tu, mio Senhor, que vens ao porto me receber
O Alfa e o Ômega, o que meu peito vem encender
O princípio fundador do país, quero o Egoísmo ter!
Se Eu sou branco, lixem-se os negros e índios.
Se Eu sou estudante boy, lixem-se as cotas.
Se Eu moro numa mansão, lixem-se os que moram na favela.
Se Eu tenho mesa farta em casa, lixe-se quem passa fome.
Se Eu sou heterossexual, lixem-se os LGBT's.
Se Eu sou homem, lixem-se as mulheres.
Se Eu sou jovem, lixem-se os velhos.
Se Eu sou adulto, lixem-se os adolescentes.
Se Eu sou empresário, lixem-se os clientes.
Se Eu sou patrão, lixem-se os trabalhadores.
Se Eu sou "eficiente", lixem-se os deficientes.
Se Eu sou cidadão, lixe-se o Estado.
Se L"État C'est Moi, lixem-se os cidadãos.
Se Eu, Eu, Eu, sempre Eu, somente Eu!
O mundo é o meu umbigo, minha biloca transparente
Jogo com os outros, e se embirro levo a bola pra casa
E conto tudinho pra minha mamãe.
Jamais estou errado, muito menos me é desfavorável
O ciclo maligno das águas, outrora tão límpidas
Agora turvas pelo Barro Negro e Marrom desta malta vinda do mato.
O Egoísmo é a rainha desse país, é incensada por todos os lados
Haverá como mudar? sim, haverá: quando todos forem sensatos
e naufragarem no dilúvio de sangue, porque só assim se realiza
O Espetáculo do Circo dos Horrores.
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