O sangue desta caneta não é vermelho como o tomate

nem branco como a neve lá longe onde nunca pus os pés

nem ruge como um leão na savana

nem canta como triste bardo

apenas desliza seus pés sujos de tinta

dançando sobre o branco palco

feito um cisne ou uma leoa dançarina:

cospe as palavras que lhe trava a língua

mastiga adjetivos resplandescentes

e lhe sai pelo nariz a purpurina

que lhes jogam os bebês...

 

Que maior fortuna um homem pode querer

do que ter quem lhe serve garranchos

um exército de rabiscos empoeirados

verbos sem sentido a brotarem no seu jardim

só a luz do sol a ditar regras antes do anoitecer...

 

Este poema não tem esperma

nem procriará outros fonemas

veio apenas

dizer bom dia e partir...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Prieto Moreno
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