Razão de um poeta

Os poetas precisam de um motivo que justificam toda sua forma mais pura e sentimental para escrever, caso contrário suas palavras seriam vazias e rasas. Eles transcrevem suas experiências sofridas e sentimentos destruídos para o mundo e como uma ironia tremenda seu sofrimento se torna algo bonito para o resto do mundo como uma formula mágica de conforto e compreensão pessoal. Mas todo poeta precisa saber que ao exteriorizar seu sentimento mais altruísta e nobre num mero pedaço de papel capaz de percorrer todo um mundo de ilusões e julgamentos, toda sua capacidade de sentir a verdadeira razão pelo a qual tudo isso foi possível, simplesmente sumira através das opiniões e cobiças desse mesmo mundo ilógico que o consome sem dó. E no final, suas palavras o remetera simplesmente a lembranças de tempos que o faziam realmente viver pelo sentimento e que por hipótese nenhuma pensaria em sucumbir as tentações lamentáveis das pessoas fracas de mente e desfragmentada de sentimento que viviam ao seu redor.
Uma razão para viver é tudo o que precisam para continuar a comover os corações de loucos perdidos num abismo cósmico movido pela sentimentalização de cada centímetro quadrado da vida, e se caso essa razão se perder, sua função como dramaturgo da vida percorrera num oceano onde o comum é bom e aceitável  e a loucura é descartada e deixada para aqueles que ainda vivem sua razão, ou ao menos continuam a procurar.

Rolim
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