As Lágrimas Teimosas

 
Sempre que o sol descamba no horizonte:
Trabalhos encerrados, vigília completada,
Dia que se esvai ardoroso e transpirante,
Carrega no bojo as figuras cansadas,
Capengando lerdas nas ruas modorrentas
Parece que a vida está em construção.
 
Figuras que vão e vem em desatino lúdico
Correndo afoitos ou andando mui lépidos
Mas a tarde é tão linda e passa em branco,
Ninguém se atenta à exuberância dela,
Amores nem sempre nascem no entardecer,
Mas podem acabar no cálido e estúpido langor.
 
A noite periga vir estúpida a todo instante,
Em lua cheia o atrevido astro já é visível,
Num céu embruscado de poeira e fumaça:
Tímida, mas vestida a caráter para ser notada.
Num canto do céu nuvens escuras tenebrosas
Eletrizam o ar seco com seus raios ribombantes.
 
Um grande amor não se termina assim, do nada,
Existir é a garantia de que é eterno, se quiser,
Lágrimas podem teimar em descer dos olhos,
Espertas tentativas calorosas inebriantes e tolas,
Momentos ensandecidos, tristes ou acusadores,
Afinal, vida com vida se perde na escuridão.
 
Quanto tempo se passa na calada da noite,
Onde o amor não cabe em si de tão contente,
Lua branca redondinha, cheia de mel, talvez,
Inspira trovadores e poetas inconformados
Romantismo fraco, ribomba os peitos trigueiros
Inconformados, distraídos corações que se vão.
 
MARCOS ASSIS

Marcos Assis
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