Em prantos relato o meu espanto.
Sem alento descrevo os meus sentimentos.
Explicitamente na pele as marcas da violência.
Aqueles olhos vorazes monstruosamente devoravam-me.
Em casa a necessidade do básico.
Na escola a perseguição injusta, o espancamento, a dor.
No peito o medo das ruas, quantas foram as vezes em que desesperadamente fugia daqueles seres inóspitos que desrespeitosamente objetivavam violar a minha pureza.
Em microrrecortes do tempo, lembro-me dos terríveis momentos com aqueles seres que tanto amava e que ainda amo, mas que egoisticamente me usaram como parte de suas fantasias sexuais.
Tentaram contra a minha vida, corri risco de morte.
Fui banido por simplesmente ser negro.
Excluído por morar na vila.
Exilado por não ter medo de postar as minhas ideias nas redes sociais.
Torturado fisicamente e mentalmente por acreditar no amor.
Espancado por ser educado.
Escorraçado por dizer a verdade.
Expulso por não ser alienado.
Quantas foram as dores vividas nas diversas fases da minha vida.
Felizmente tenho a consciência que a dor se faz necessária.
Agradeço ao universo pelas possibilidades, pelas oportunidades que muito me ajudaram ao longo da caminhada evolutiva.
Eu convivi com o mal, na minha pele as marcas indeléveis da sua passagem.
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