Tudo em minha volta é decadente,
qual um tronco caído
sobre o lodo podre e repelente
que tem emergido,
e que tornou-se um tosco solvente
do que foi tecido.
Abro meus olhos e a luz malsã
da realidade
mostra-me a imagem de uma manhã
de infelicidade,
e a tristeza, melhor que uma irmã
a ter-me a amizade!
Sinto dos instantes atuais
o fétido aroma!
O riso dos vultos imorais
que ninguém mais doma!
Vermes roendo meus ideais
na pérfida soma!
Tudo que me envolve nesta esfera
é suja mortalha;
é inverno absorvendo a primavera,
qual fogo na palha!
O alimento que minh`alma espera,
encontro em migalha.
Derredor só há seca e torrão,
carcaça e carniça!
Corvos que nascem em multidão,
a vida enfermiça!
A implacável decomposição
que tanto se atiça!
ALEXANDRE CAMPANHOLA - 23/03/2012
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