Existe uma verdade que nem o tempo conseguiu refutar...

 
A falta de verdade é um fenômeno antigo na História da humanidade. Da serpente aos dias atuais, pequenas mentiras atrapalham o processo civilizatório. Mentiras e omissões mudam o rumo dos acontecimentos.
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O que é a verdade?
Perguntou Pilatos a Jesus quando o interrogou antes da crucificação. Jesus não respondeu nada.
É uma pergunta de cunho filosófico, feita para nos fazer refletir mesmo. Algumas vezes, a verdade, é  transitória, circunscrita ao tempo, à cultura, à capacidade cognitiva dos elementos que compõem a sociedade.

Algo considerado como verdade hoje, pode ser uma mentira amanhã. Depende do ponto de vista do observador. Não há razão em relativizar a mentira, mas tomemos como parâmetro a História da humanidade, quantas mentiras foram ensinadas como se verdades fossem? Por quanto tempo os mitos existiram como verdades irrefutáveis?
Eles explicavam fenômenos naturais numa época onde a ciência não existia. Foram válidos, porque fazem parte do desenvolvimento do pensamento. Basta que os entendamos dentro dos contextos onde foram produzidos, enquanto não se podiam provar outros conhecimentos, por falta de recursos tecnológicos e maturidade. Sim, a evolução vai devagar. Desconstruir um conhecimento de centenas de anos por um atualizado, dá  um bafafá tremendo.

A ciência cultivou muitas verdades que foram se transformando em mentiras, a cada vez que um novo teórico aparecia questionando as idéias anteriores. Foram mentiras-verdades, construções culturais, de certo modo necessárias, até que se estabelecessem novas tecnologias que pudessem sedimentar outros conhecimentos.
A luz, por exemplo, cuja velocidade, até pouco tempo, se acreditava insuperável, já não é mais. Pesquisas recentes descobriram partículas mais velozes do que a luz. E essas partículas sempre existiram, mas estavam aguardando tecnologia suficiente para serem descobertas.
Espero não ter confundido mais do que explicado. Mas, se por acaso, não me fiz compreender até agora, posso resumir tudo em uma frase: a verdade acompanha o processo cultural da humanidade. Verdade e cultura são construções humanas desenvolvidas juntamente com a capacidade cognitiva dos povos.
Essa relativização da verdade anula muitas coisas que existiram ou que ainda existem, já que a verdade é dinâmica, está em constante processo de mudança. Quem sabe, se não estamos nos privando de fazer alguma coisa por ser considerada errada e que  daqui a alguns anos, sobre essa coisa, se tenha uma visão diferente? Sim, estou falando de leis e de costumes. Para elucidar as ideias, pensemos nas bruxas e na Inquisição. O que elas faziam de errado? Conheciam as ervas, pensavam em Deus de um modo diferente e isso foi o suficiente para serem  recriminadas, perseguidas e queimadas vivas. E sobre isso, ninguém fala, é uma pedra no sapato da Igreja, não só da Igreja, mas de todos os que na época acreditaram em verdades, que hoje consideramos como crimes,  e que muito nos envergonhamos.
Nesse caso, diante de algo que consideremos absurdo, cuja consciência nos  acusa, enfrentemos a ordem vigente com sabedoria e bom senso, porque o povo, mal conduzido, muitas vezes, sem perceber, caminha para histeria. Sendo assim, infringir a lei e os costumes  é descansar no fato de que muitas “crenças-verdades”, serão a vergonha de amanhã.
 
Termino o texto com as Palavras de Jesus sobre o tema: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” A única Verdade atemporal e irrefutável.
Era a resposta que ele deveria ter dado a Pilatos, quando interpelado. Mas por que não deu? Eis uma questão a ser discutida... e sobre ela,  passam mil interpretações pela minha cabeça. Principalmente o fato,  de que,  se Ele estabelecesse uma verdade padrão, a humanidade estaria em risco, pois até hoje matam em nome dele, por acharem que entenderam sua mensagem.

 

Selma Nardacci dos Reis
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