Retrato

São velhas lembranças acinzentadas
Que norteiam a solidão desta velhice...
Janelas de sonhos agora fechadas
A espera inerte do meu negro esquife.

Tantas certezas, riquezas, que tolice!
As mãos tremulas, frágeis, cansadas
Sem força labuta as últimas jornadas
Como um barco encalhado no arrecife.

A cadeira de rodas, no mesmo recanto
Na mesma rotina no silêncio farto...
Apenas lembranças neste quarto!

Outrora de flores, perfume e encanto
O amor que vivi e senti tanto
a mesma saudade, no mesmo retrato!