Ao voltares um dia, anjo loiro,

meu tesoiro, ao te berço divino

e eu a tua espera lá estiver,

verás que em tua existência rara,

não te fui um amigo qualquer;

E que, nos meus anos tão soturnos

foste mais que uma bela mulher!

 

Sem sofrer nos cismares noturnos

esta ausência cruel que me foste,

por esperar teu sutil retorno

sei que vou sorrir eternamente,

como antes, ao teu lado, e essas lágrimas

serão extintas na nova terra.

 

Saberás que meu terno carinho

por tu`alma nunca fora fingido,

a transportar somente os enganos!

Pois, estarei té mais que um esposo,

desejando teu olhar mimoso,

quando deixares os rijos anos

e tudo que te foi doloroso.

 

Entre as roseiras tão perfumadas,

ao som das aves celestiais,

qual se estivesse no lar das fadas

ou nas paragens dos pantanais;

talvez eu queira morrer em pranto,

mesmo sabendo não morrer mais,

se, de repente, por um encanto

como num sonho que sonhei tanto,

na alegria nós sermos iguais.

 

Quero te encontrar em meio às árvores...

tal qual me ergui dos horrendos mármores,

não terei medo quando disser

que foste a razão de meus pesares,

o fogo santo de meus altares...

foste mais que uma bela mulher!

 

Lá, onde o mal não cruza as fronteiras,

e não constrói seu ninho a malícia,

onde contam as fontes brilhantes

os segredos ao mundo escondidos,

não mais abraçarei a saudade,

exceto logo que ao te sentir

deitando a fronte em teu ledo seio,

de teu coração eu não mais ouvir

os frêmitos outrora sonhados,

porém que me foram interditos.

 

E, quem sabe o que de nós será,

outra vez juntos na juventude,

sendo que, libando a doce crença,

não mais divisarei as muralhas,

ou as poeiras que escureceram

minha austera jornada terrestre?

 

Tu estarás ubíqua e singela,

qual sempre fora em minha vivência,

ouvindo que fui quem mais te amou!

Então, quem sabe teu beijo eu sinta

nos lábios que só p`ra ti cantaram,

depois de ser na vida ou na morte,

aquele que sempre te esperou!

 

Poema escrito em 25/10/2008

Dedicado à amiga Giselle Alves de Almeida,

assim como o poema "Perseguindo".

 

 

Alexandre Campanhola
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