O poeta masoquista

O poeta masoquista

 
Maravilhosa crueldade
Vem nas minhas entranhas
E chupa o intestino grosso
Corrói o delgado, talvez
Masque o pâncreas e lamba o líquido
E destroça em miúdos todo o resto
 
Maravilhosa crueldade
Corrompe minha cabeça
E faz de neurônios miolos
E de miolos patê
Engole tudo em desespero
Que é pra ver se a vida faz sentido
 
Esplêndida maluquice
Não sei por que motivo me aflige
Que pica te faz desejar atos tão hereges
Mas desses pecados,
De crimes sem perdão
Vejo, pelo menos, algum motivo pra sorrir.
 
Seja um sorriso de agonia e moribundice
Seja corroída por ciúmes!
Seja o que for sanidade,
Senso comum ou etiqueta.
 
Mas seja o que for, sanidade,
Por favor, não me acometa,
Pois não gosto de ti.

Renato Gaspar
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