Ainda que a tevê relate os mesmos crimes
Ainda que eu me esconda entre amores tão sublimes
Ainda que eu encontre o verdadeiro time
Dos humanos, não androides frios.
 
Ainda que aconteça a mais bonita história
Ainda que amanheça entretida em tão suada glória
Ainda que eu me acometa de Mória
Para sorrir de cadáveres decepados e frios.
 
Ainda que eu não saiba o nome do indigente
Ainda que eu me enraiveça com tamanha gente
Ainda que a mente seja tão pequena
Para compreender que a vida não acaba com a morte.
 
Ainda que eu grite para todo mundo ouvir
Ainda que para isso eu faça todos RIR
Do verbo conjugado incorretamente,
Não perceberão que na sua frente
TEM UM HUMANO, NÃO ADROIDE FRIO!
UM CADÁVER DECEPADO E FRIO!
UM INDIGENTE QUE AINDA TEM NOME!
E QUE A VIDA NÃO ACABA COM A MORTE!
 
Ainda que eu consiga fazê-los compreender
Não. Não irão compreender
Porque o homem é um androide frio
Um cadáver ainda não decepado
Um indigente ainda nominado
Uma morte que ainda tem vida.
 
Guarde segredo: A vida não acaba com a morte, nem a morte acaba com a vida.

Renato Gaspar
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