Quem mandou tu perderes o equilíbrio
Dos sentimentos, nesta corda bamba
Que é a vida, e te expores na varanda,
A toda sorte e soberbo capricho?

Quem mandou tentares o mundo abarcar
Com as mãos grandes de teus olhos compridos?
Não vês a alma dissipada de um ser sem sentido
E zonzo, por aí no tempo, apequenado e ímpar?

Agora não te adianta passares por caracol
Notívago, ziguezagueando, em fuga da luz;
Rompeste o pacto que a ti propus,
Esgueiraste do mundo, num jogo de lua e sol.

À espera do casual encontro jamais marcado,
Tu deixas meu cérebro atônito
E o organismo desandado em lasso vômito.
Acorda pra vida, que o tempo é um trem apressado.

Curitiba, 22/01/2004