Como querer achar
Alguém sem ser forçado,
Sem parecer procurar
Dar conta de algum recado?

Como ter romantismo
Numa era de tal frieza
Num mundo de tal realismo
Como encontrar a beleza?

Se procuro, passo excesso
Se desvio pareço incerto
Como é esse processo
Como chego mais perto?

Não grudar nem procurar demais
Não trair, nem tampouco enganar
Nem ligar, nem correr atrás
Não sair, sem satisfação dar

Qual a postura do novo homem?
Qual a procura do coração?
Não ser dos que ficam e somem
Ou não demonstrar emoção?

Se procuro, sou bom demais
Se sumo, de canalha pra trás
Se sou seguro, não valho a pena
Se cafajeste, a alma é pequena.

Quem deve ser o homem que sou?
Aquele que se atrasou?
Aquele que se esqueceu?
O que não lembrou de seguir o roteiro?
O que não pensou em ser o primeiro?

Sou quem não está no mapa
Que não se julga pela capa
Sou o que no meio dos defeitos
Reconhece todos os teus direitos

Sou o que procura teu sorriso
No meio dos teus cabelos
Na manhã, ao acordar
Só para poder te beijar

Sou quem te pega pela cintura
Te beija e firme segura
Pra não te deixar esquecer
Que não sou fácil de entender

Diferente.
Irreverente.
E, daqui pra frente,
Singular.

Fruto das indagações incertezas e consequências da condição do homem do século XXI.