De pé sobre esse mundo implacável uma pequena criança tão desprotegida - Ver e querer entender isso pode ser toda a sabedoria, ou, mesmo como os bondosos olhos do poeta, exclamar - Ó vida, minha querida! Porque soa qualquer esplendorosa melodia e o que resta do mundo é essa sensação tão ambígua, como o coração do pequenino que parece querer explodir e saltar e ir-se a bailar, quando talvez qualquer pequena coisa tão pequenina e tão sozinha e tão desprotegida a transformar o implacável mundo em simples sorriso ou rodopio ou em algo apenas inofensivo, ah vem, vem cá, a bailar! Se não dançares ela terá te escapado, vê, pela poesia segue resoluto o infindável do mundo a defrontar-se com a certeza da fé, fé que sabe mas que não pode imaginar, explosão do mundo em imaginação do infindo em cada pequeno passarinho, que parece voar tão livre na gaiola de meu egoísmo, assim, bailando em bater de asas em palavras sôfregas e loucas e dançarinas, como o remédio do mal de minhas vidas, ó, minha querida! Por ti então dançarei de um modo meigo e violento, piedoso e cruel, do modo que mais se assemelhe à sensação de olhar esse embate que se derrama com a força da trama no drama de meu papel.
 

 

MARCELO GOMES JORGE FERES
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