À visão de longe, reflito.

passa tempo, passa grito.

À visão de perto, eu me olho,

passa grito, passa eu choro.

Vendo um pobre de esmola,

vou morrendo a cada hora.

Vendo assim, meu povo assim,

sem enxergar, sem nem ouvir

os rancores que habitam nas almas

as dores que brotam nos olhos,

são sentidos por raros irmãos.

Vendo o amor tratado assim,

posso até sentir, como está perto,

como irá de chegar o nosso triste fim.

Diego de Andrade
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