Travessuras

 

 

De mãos dadas os pequeninos
De almas puras e coração gentil,
Gozavam do primeiro sonho,
Da primeira emoção,
De sentir, palpitar no coração,
O gosto da primeira vez que fugiram.
 
Descendo sozinhos pelo caminho
Sempre de mãos dadas estavam
Cada qual velando um pelo outro
Com cuidado que nenhum se perca,
Como guia e amparos usavam,
Os fios paralelos da cerca.
 
De calças curtas e pés no chão
Caminhavam desconfiados, irmã e irmão,
Sempre olhando pros lados,
Num singelo caminhar a dois,
Não desgrudavam os olhos,
Dos olhares repressivos dos bois.
 
O ribeirão de divisa
De um lado pro outro,
Era difícil atravessar,
Uma pinguela balançante,
Fez suas pernas tremular,
Vencer o medo era preciso,
Para que fosse possível,
Na casa da madrinha chegar.
 
Nas inocentes brincadeiras,
Nem vira o tempo passar,
Não podiam imaginar,
O desespero da sua pobre mãe,
Que de preocupação se punha a chorar,
Dizendo com o coração apertado,
Quando aqueles dois pirralhos cegarem
Uma boa sova eu vou lhes dar.
 
Bem tarde já cansados,
Para casa vinham voltando,
Traziam na mão um agrado,
Um punhado de cheiro verde,
Pela madrinha mandado,
Entregaram com um sorriso contente,
Mas de nada adiantou o presente,
Pela mãe os dois foram sovados.
 

Dedico este poema a minha querida irmã (Maria Inês)
Que vivenciou comigo esta fascinante aventura. 1956
Jose Aparecido Botacini
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