Estava trancada em
seu apartamento
no quarto andar.

A família me telefonou
pedindo-me para
ir ajudar.

Ela náo permitia
a ninguém entrar.
Pois queria se
suicidar.

Não telefonei
simplesmente fui.

PASSEI PELA PORTA DO PRÉDIO!
PASSEI PELA PORTA DA RAZÃO.
PASSEI PELA PORTA DO MEDO!

Quando o som da campahinha
ressoou no interior do casulo
Ouvi um voz que expulsava.

Mas disse meu nome,
e que só queria ajudá-la.
Tinha por volta de
vinte e sete anos
linda como só.

PASSEI PELA PORTA DO CASULO!
PASSEI PELA PORTA DO ABSURDO!
PASSSEI PELA PORTA DA INSANIDADE!

Na mão comprimidos vários.
No rosto as marcas da dor.
Na alma as feridas mais profundas.

PASSEI PELA PORTA DA SUA ALMA!
PASSEI PELA PORTA DA MINHA ALMA!
PASSEI PELA PORTA DA DESESPERANÇA!

Ela, aos poucos me deixou entrar.
Os comprimidos jogados no chão.
E no rosto tudo ficou mais vivo.

LOGO, TODOS PASSARAM PELA PORTA.
E NÃO VIRAM MAIS UM FANTASMA!
A VIRAM VIVA! QUE BOM!

Mas o que ninguém viu,
foram as portas que tive
que passar e os outros
fantasmas que tive que
um a um, derrotar.

Fim

OUTONO DE 2006