Ramos de Ancólias na Botoeira...

Ramos de Ancólias na Botoeira...

" (...). No dia em que jantava na cidade, mandava atrelar o carro para estar pronto às sete e meia; vestia-se pensando sempre em Odette e assim não se sentia só, pois a lembrança constante de Odette dava aos momentos em que estava longe dela o mesmo encanto particular que o daqueles em que estavam juntos. Subia para o carro, porém sentia que essa lembrança igualmente subira e se instalava sobre seus joelhos como um animal de estimação que se leva a toda parte e que será conservado à mesa com o dono, à revelia dos convivas. Acariciava-a, aquecia-se nela e, sentindo uma espécie de languidez, deixava-se possuir de um leve frêmito que lhe arrepiava o pescoço e o nariz, e era novo para ele, enquanto ia fixando na botoeira o ramo de ancólias. Desde algum tempo sentindo-se triste e indisposto, sobretudo depois que Odette apresentara Forcheville aos Verdurin, Swann teria preferido descansar um pouco no campo."



Marcel Proust
- Em Busca do Tempo Perdido

Eloisa Alves
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