Bem-te-vi! Bem-te-vi!
Quanto tempo!Avisas-te...
Coisas que só via a ti
O mundo não te acreditas
agora o vejo daqui.

Rosas em noite de lua
a pé pelo massapé
passas-te com capuz pela rua
e sem ninguém saber quem é
fugia assim sê-me nua
de braços dados com José.

Jose, José, José...
Só por causo do boné
chorasse por tanto amor!
Depois largou seu filho a mercê
Do horror e da grande dor!


Bem-te-vi! Bem-te-vi!
A grana ‘pela’ cueca
pasta toda empapuçada
pobre sem leite na caneca
e ricos sem pagar, nada!

Quantas e quantas vezes o choro!
Em silencio foi sufocado
lembranças desencadeou estouro
de um tempo no passado...
Hoje favelas e morros
são redutos de condenados.

Bem-te-vi! Bem-te-vi!
O pau que floriu tombou
é carvalho após oliveiras
orvalho voou com machado
na ignorância de mais um talho
e de um mundo mal amado.

Quanto amor desembocou guerra!
E o ódio bradou a incoerência
roubos desenfreados de novas terras
lágrimas famintas de uma criança
quem se importa com essa era?
A onde foi a tal confiança?

Bem-te-vi! Bem-te-vi!
Viu tudo e me avisou
não quis acreditar em ti
e o amor?  O amor...
Bateu asas e voou.

Antonio Montes

Antonio Montes
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