Quando te vejo procuro a palavra que se esconde, tímida,

a recolho como se uma flor fosse feita em mais fina textura;

nenúfar distraído a vagar sobre o riacho de água límpida,

reflexo do sol que se deita e embriaga, do ventre da lua...

 

Apanho desenhos que anjos esqueceram pelas campinas de nuvens,

logo escuto centauros saltando com sonhos às costas, risonhos;

me recolho sob altos olmos quando caem, dos olhos dos homens,

poesias escritas com lágrimas e a lê-las, embevecido, me ponho...

 

Fecho meus olhos e vejo teu rosto e teu sorriso diante de mim,

esqueço qualquer coisa que me lembre, me entrego e me perco,

subo até a montanha do esquecimento e assino os papéis do fim,

minh'alma junto à tua caminha e o cálice da plenitude ergo...

 

Se em teus olhos pousarem reflexos vindos de longínquos mundos,

somos nós já distraídos e felizes como são as ovelhas do céu;

se te tocares e rires e chorares e saltares de alegria, no fundo

saberás que estamos todos juntos quando em doce ambrosia

se transforma o mais poderoso fel... 

Prieto Moreno
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