Recebo salário do sol

soldo diário

para viver e demonstrar meu vestuário

carne

ossos

alma

espírito

voz macia

noturno grito...

 

Recebo e pago

com pensamentos sagrados

e mesquinhos

às vezes a graça do infinito

às vezes a chafurdar entre espinhos

muitas vezes a nem lembrar do pagamento

que será devidamente cobrado pelo tempo...

 

Neste momento em que me lembro de tal fato

devolvo em versos mesmo que seja sem o impacto

de uma literatura profundamente abstraída

como deve ser versejada a verdadeira vida...

 

Conquanto reparo defeitos em minha construção

mais reparo ponho a quem não ama, deveras, de coração...

 

 

 

Prieto Moreno
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