ÀS VEZES, SÓ ÀS VEZES...

Às vezes duvido de minha sanidade

como duvido da sanidade do padre

que deve duvidar da sanidade do covarde

que rouba e mata e depois dorme até tarde...

 

Às vezes duvido da minha honestidade

como duvido da honestidade da honestidade

que se dá sem dizer se cabe no balde

daquele que serve fazendo alarde...

 

Às vezes duvido do meu próprio juízo

como duvido que os juízes tenham juízo

para julgarem aquele que jura dizer a verdade se preciso

e mente descaradamente na cara do jurados imprecisos...

 

Às vezes duvido que a poesia seja uma coisa para ser dita

se tantos dentro e fora já a fizeram senhora pudica e prostituta maldita

desejando deflorá-la sem lhe perguntar se ainda é casta e virgem

ou se apenas basta um desejo carnal para que o espírito fique livre...

 

Às vezes duvido que haja um destino

como duvido que o destino um dia tenha sido menino...

 

 

Prieto Moreno
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