Do Alto do Meu Amor

  
             O ódio-próprio é como o ouroboros, sem linha reta, sem becos, sem janelas ou portas. É um vício entranhado que dá voltas e se intensifica em temporadas de alto nível sensitivo do corpo e mente. É o lugar que não há trono ou assentos, é o cadáver não velado, o santo não adorado, o tesouro revirado, amaldiçoado.
 

            Onde tal condição entoa sua canção de berço? Sim, é possível escutá-la desde seu nascimento, onde venceu qualquer barreira do tempo. Limites foram construídos no mundo das ideias, enquanto que o ódio-próprio se fez por inteiro; brotou do sangue artificial da ameba, devorou pesadelos de supernovas, estourou os tímpanos da aurora, que foi brutalmente decepada em cores.         
 

            As fases de seu conceito-estadia são: vômitos agudos, olhos cansados, veias estouradas, unhas arrancadas, cabelos queimados, idéias trituradas, sonhos empalados. 

Ágani L.
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