Não queria aparentar tolice
Mascarada insegurança em sisudez
Bem, alegria é para os afeminados;
A circunspecção como sensatez.
Não se gosta, teme os outros,
Sempre melhores; insatisfeito.
Eis que se torna o que então temia,
Mas não findam os seus defeitos.
Faltam aventuras, provas, brigas,
Comunicação e um ermo mestre
Solidão tende ao solipsismo
Ele insolidário e implacável cresce.
Não se é pleno e nem engajado
Vê que ninguém lhe dá os conselhos
Sábios e tão comuns aos mais antigos.
Enquanto isso, caem os cabelos
Política é votação, apenas
Em relacionamentos é tatu.
Percebe seu erro, redireciona
E desmistifica seus tabus
Senso comum é para incautos
Deseja estar preeminente
Como não nasceu em berço de ouro
Pequenas vitórias são suficientes.
Os fracassos e a timidez alertam
De questionável beleza, pensa
Que a vida passa e nada é de graça.
Coração e estômago não mais apertam
Tédio, frieza e razão: assassinos
Dos envolvimentos febris.
Derrotas destroem obsessões
Que havia em tempos juvenis
Encontra um refúgio cultural
Refugo projetivo da infância
É o seu jeito de ser apreciável.
Resiliente ego infla e amansa
Tentam lhe convencer: é vencedor!
Porém é um bagre e não tubarão
Não se convence; viver é sofrer,
E a ignorância é a maioral bênção.
Infeliz mente inquieta, todavia,
Pior seria no sossego frugal
Imenso, pois, é o mundo, ele, poeira
Que se esvai na ampulheta de areia.
Só que a megalomania é seu mal
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