E foi aí, nesse momento,
num dia que já nem me lembro
que a dor então se instalou...
Pontiaguda como uma lança,
certeira e crônica se cravou,
ladra de sonho e esperança.
Calei-me como em reverência...
Tanto poder ela exercia!
À Sua Excelência me curvei,
fragilizada com o peso que trazia
golpeada por sua presença,
sangrei...
Silenciei dentro de mim...
Esbravejar, gritar, injuriar?
De nada adiantaria...nada iria mudar.
A dor da verdade revelada
jamais iria passar...
Insensível ao sofrimento,
precisa como um cronômetro
marcando incansavelmente os momentos,
mostrando que nem o passar do tempo
carrega a dor maior desse mundo.
Dor que consome, que não tem nome
e se alimenta de instantes de nossa alegria,
inconformada com os minutos de felicidade,
invejosa das migalhas de magia,
nos faz encarar, frente a frente,
a mais difícil realidade.
_Carmen Lúcia_
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