Sabia que teus olhos me incomodam ,mas naquele momento aonde encontro você é o melhor momento do dia,é o pior momento da vida é tudo de bom é tudo triste....O que faço com o que sinto por você?O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas
principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de
autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir
vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para
qualquer coisa, a qualquer hora. Ele apazigua o meu peito com uma lista
breve de prós e contras. Mas me dá escolhas. Eu me percebo transformada
pelo que o amor tirou de mim por precisar de espaço amplo e bem cuidado
para se instalar. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo
controlar a vulnerabilidade que vem com ele; tira também a
intransigência. O amor me ensina a negociar os prazos, a superar etapas,
a confiar nos fatos. O amor tira de mim a vontade de desistir com
facilidade, de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber
por quê. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia.
Porque não posso virar as costas pra uma mania quando ela vem de uma
pessoa inteira. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha
quando o meu ser transborda companhia. O amor me tira coisas que eu não
gosto, coisas que eu talvez gostasse, mas me dá em dobro o que nunca
tive: um namoramento por ele mesmo. O amor me tira aquilo que não serve
mais e que me compunha antes. O amor tirou de mim tudo que era falta.

Verônica Felix
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