Todas as mãos são iguais

Todas as mãos são iguais

 
Por que ficarei quieto diante
do preconceito e da indiferença?
Serei eu o poeta de um mundo caduco
quando outro não quis ser?

Os dias presentes estão entre nós
com seus laços, nos envolvendo
com suas armadilhas, nos reunindo
para além dos braços dados.

Eu não ficarei quieto e romântico
diante da fome, do roubo e da doença.
Nosso tempo não permite calar-me
nem fazer rima para servir à arte.

O tempo presente é de dizer, de mãos cheias,
que com elas fazemos a parte que nos cabe
pois sou um homem de meu tempo
com todo o amor e o sentimento do mundo.

Isaias Zuza Junior
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