Sou um caipira do campo
Aqui não quero morar
Vim pra esta cidade
Apenas para estudar
Vou pra lá no fim do ano
Minhas terras cultivar
Termino agronomia
E volto doutor pra lá
Lá namoro a Chiquinha
Mariquinha e Conceição
Meninas trabalhadoras
Que aguentam o rojão
Entre as três vou optar
Com qual delas casarei
Conceição é professora
De bons costumes, eu sei
Mariquinha é enfermeira
Trabalha no Hospital
É bonita e é faceira
É a mulher ideal
A Chiquinha é muito calma
E cuida bem do seu pai
É órfã ajuizada
De sua casa não sai
Tem o nome de minha mãe
Por isso lhe quero bem
Estou pensando até
Casar o ano que vem
Quero ter muitos filhos
Pra ter um lar animado
Nada de tomar remédio
Pois tudo isto é pecado
É crime se evitar
A sua prole crescer
Deixa correr a vontade
Aquilo que tem de ser
Quem cria um, cria cem
Assim falavam meus pais
Que filho pouco é tolice
E sempre vou querer mais
Uma filha pra cantora
A outra pra escritora
A do meio jornalista
A quarta pra professora
A quinta para ser médica
A sexta advogada
A sétima pra engenheira
A oitava delegada
Os homens podem ser muitos
Quero ver todos formados
Morando aqui comigo
Sendo muito bem casados
Quero ter bastante netos
Ter criança ao meu lado
Ser um velho bem alegre
Depois de aposentado
Quero tê-los bem unidos
Deus me deu este condão
Ter a casa sempre cheia
Pra não sentir solidão
Fazer festa o ano inteiro
Uns nascendo outros noivando
Estudantes se formando
E eu nos bailes dançando!
Não quero ser velho triste
Sempre fui muito animado
Só deixo quando morrer
A fama de apaixonado!
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